Bom galerinha, cá estou eu para iniciar a nossa semana de aniversário de 1 ano do Can You Imagine. E para começar essa semana em grande estilo, eu fiz uma entrevista com MJ Macedo o autor de A Espetacular Vida da Morte, que você acompanhou aqui no blog (caso não tenha lido, clique aqui) Então vamos para a nossa entrevista com MJ Macedo.
1. Pra começar, fale um pouco
de você para aqueles que não te conhecem.
Vamos
lá. Eu comecei trabalhando, lá atrás, numa galáxia muito distante, como
quadrinista, pros States. Isso eu devia ter meus 15 anos. Com o tempo fui indo
pra outras áreas, como concept arts pra filmes e games. Mas minha vontade
sempre foi poder criar e escrever minhas próprias histórias e personagens.
2. Vou te fazer uma pergunta
que quase ninguém deve ter feito, porque você decidiu escrever um livro? Como e
quando isso começou?
Eu
sempre escrevi muito. Muito mesmo. E estou o tempo inteiro pensando em
roteiros, diálogos aleatórios e histórias. Adoro criar personagens, universos,
situações, etc. Comecei minha carreira como ilustrador, porque foi mais fácil
para eu entrar no mercado de entretenimento dessa maneira. Mas sempre tinha na
cabeça que no futuro, queria roteirizar e escrever sobre meus personagens. E
lentamente fui virando ghost writer, copydesk e consultor de alguns outros
escritores e roteiristas.
Eu
já escrevia muitos roteiros dos meus personagens, mas para HQs. Um dia meu
amigo, no telefone, comentava comigo que eu tinha esse senso de humor negro e
devia escrever algo do gênero. "Algo como tipo... uma espetacular vida da
Morte?", disse pra ele. E foi daí que tive a ideia pro meu primeiro livro,
como autor.
3. Porque você decidiu falar
sobre a vida da Morte? Não poderia ser, sei lá, a vida do Coelhinho da Páscoa
ou do Papai Noel?
Isso
vem do meu senso de humor ácido. Eu devo ter algum parafuso a menos aqui
dentro. Raramente me abalo com tragédias e coisas que geralmente fazem a
maioria das pessoas se emocionarem ou chorarem. Ao contrário, sou o primeiro a
pensar num comentário engraçado pra fazer sobre a situação. Mesmo que muitas
vezes me contenha, por respeito. A ideia de usar a Morte veio literalmente por
conta do nome do livro. Tinha esse título na minha cabeça, desde a conversa com
meu amigo. Um dia sentei e comecei a escrever aleatoriamente uma cena, entre a
Morte e um repórter que a entrevistava. Mas foi algo bem orgânico. Acho que só
depois de ter umas 10 páginas escritas realmente parei pra pensar no que queria
fazer com elas. E daí veio a história completa.
4. Como foi o processo de
criação das personagens? Elas são muito bem construídas e têm personalidades
únicas, sem falar no cenário em que ocorrem as situações que é muito bem feito.
Para
a Morte queria fazer alguém que fosse o oposto do estigma que se tem da figura
mitológica. Ela seria terrivelmente humana, nas qualidades e defeitos. Queria
que o leitor tivesse a impressão que ele realmente pudesse encontrar um dia com
a Morte e conversar sobre um programa de TV ou qual seu restaurante favorito. A
ideia que ela enxergasse com naturalidade qualquer situação e tivesse essa
ignorância sobre qualquer coisa do cotidiano sempre estiveram em mente, desde o
início. Seria de onde eu tiraria a veia cômica da história. Algo como os
antigos personagens do Jerry Lewis (isso é véio, hein?).
Quando percebi que
Horácio, o repórter, seria tão dono da história quanto a própria Morte, entendi
que ele precisaria ser engraçado por si só. A primeira coisa que me veio a
cabeça foi um misto de Inspetor Clouseau, do Peter Sellers, com aquela
pitadinha de Frank Drebin, do "Corra que a polícia vem aí". Ele seria
o tipo de idiota mais perigoso que existe: o que ignora completamente que é um
idiota.
5. Quais são as suas
referencias e de onde você tirou inspiração pra fazer seu livro e teve algum
causo seu que foi usado no livro?
Isso
é algo engraçado. Ao mesmo tempo que eu queria fazer um livro de humor tinha
pouquíssimas referências de outros livros de humor. Alias, percebi que existem
poucos livros de humor, humor mesmo. Daí tive que me agarrar no cinema, pois
era essa a sensação que eu queria passar pro leitor. Posso dizer que, lá no
fundo, tem um Douglas Adams dizendo "oi", no livro. Mas 90% é pura
comédia nonsense da década de 80/90, Peter Sellers, desenhos animados e Monty
Python. Tive uma preocupação em tentar trazer um humor mais nacional, mais
brasileiro pro livro. Pra parecer algo genuíno. Por isso adicionei esse toque
mais escrachado, que é tipicamente nosso. Se o humor inglês é aquela luva de
pelica, a gente bate com luva de boxe mesmo.
6. Meus capítulos preferidos
são "Disque F para Fadinha" e "Patins Cor de Rosa". Tem
algum capítulo que é o seu ‘xodó’?
Gosto
muito do capítulo das Fadinhas, tanto que tenho ideia de um projeto paralelo só
com elas. Mas acho que o capítulo que a Morte tenta virar cozinheira e que o
Palhaço Cimplão briga com o Papai Noel na loja de brinquedos foram alguns dos
mais divertidos de se escrever.
7. Como sua vida ficou depois
da publicação d’A Espetacular Vida da Morte? Qual a sensação de ter o livro com
ótimas críticas, dar autógrafos e essas coisas?
Não
sei explicar ao certo. Meus últimos anos tem sido uma loucura. Passei anos por
maus bocados, sacrificando muita coisa, pra um dia poder realizar meu sonho de
ter meus personagens na mídia. Quando o livro saiu, sinceramente não sabia qual
seria a reação do público. Humor é algo bem delicado. Por mais que tivesse
pensado muito em como fazer algo legal, rolava aquele medo da rejeição. Alias,
meus primeiros 2 reviews foram terrivelmente negativos. Pensei que o livro
seria um fiasco. E, de repente, começaram a vir as críticas positivas, notas
altas e quando percebi meu livro tinha uma nota altíssima no Skoob e muita
gente vinha falar comigo dizendo ser meu fã. E eu pensava "Como assim?
Como um zé ruela como eu vai ter fã nessa vida?". É algo que ainda não
consigo processar direito. Hoje em dia o mesmo produtores que me ignoravam há 5
anos atrás, ligam pra mim perguntando se tenho ideias pra novos projetos ou se
posso ajudá-los nisso ou naquilo. É muito estranho ainda. Mas (acho) que estou
gostando.
8. Qual sua opinião sobre os
atuais escritores brasileiros (Raphael
Draccon, Eduardo Spohr, Affonso Solano, André Vianco e afins), você acha
que estão mudando a cabeça das pessoas que acham que brasileiro não sabe
escrever livros bons?
Isso
acontece no mercado de forma em geral. Desde o final de 2012, coisa de uns 4
meses depois de publicar o livro da Morte, fundei minha empresa de games, e no
final de 2013 uma de entretenimento, voltada pra animações, séries, HQs e
criação de franquias. E percebo que existe essa descrença, esse ceticismo com a
produção brasileira. Ainda temos aquele ranço de "é nacional, é ruim"
ou "ninguém vai conseguir fazer isso no Brasil". Mas, aos poucos, a
cabeça da galera está mudando. Tanto dos editores, produtores, etc, quanto do
público. E grande parte graças à literatura e essa nova leva de escritores que
tem produzido coisas significativas e contínuas no Brasil. O próximo passo é
elevarmos essas ideias para games, HQs, animações e filmes.
9. O que você tem a dizer para
aqueles que querem escrever um livro, ou até mesmo aqueles que já têm o livro
escrito e ainda estão procurando alguma editora para poder publicá-lo?
Todo
mundo fala que você tem que ler muito, escrever mais ainda, e outras dicas bem
óbvias sobre escrita. Mas creio que a mais importante, que ninguém fala, é
sobre mercado: seja paciente. Às vezes demora pra conseguir entrar nele e mais
ainda para conseguir se impor. Vejo que tem muita gente jovem nessa pegada e
que é difícil segurar a ansiedade, a vontade de fazer, de acontecer. Mas calma,
gente. Sério, persistência e paciência são 90% do segredo. Não assinem qualquer
coisa, não aceitem qualquer proposta de editora. Se alguém mais experiente te
der um feedback negativo, não leve pro lado pessoal. Reflita. Às vezes ali tem
bons conselhos sobre como mudar sua história ou sua escrita, pra ser um projeto
de sucesso. Se você realmente quiser e se esforçar, você vai conseguir. Mas
sempre tenha isso em mente: paciência e sabedoria pra saber o momento certo de
cada coisa.
10. E o que podemos esperar de MJ Macedo no futuro? Quais são os projetos
que estão por vir?
Essa
parte é complicada (risos). Estou fazendo tanta coisa atualmente que parece
mentira. Ano que vem deve sair à continuação do livro da Morte: “Morte: livin'
la vida loca” e outro romance meu, também de humor (estou dizendo em primeira
mão o nome): “Clarice Winspector contra o Satélite Diabólico”. Em quadrinhos
deve sair umas 3 graphic novels da Morte. E lá pro final de 2015 as primeiras
revistas de um universo de super-heróis/ficção, meu, deve sair por uma editora
nos EUA. Mas ainda não posso dar muitos detalhes sobre isso. Pra TV estamos finalizando
a série de animação do “Wacky”, o mascote da empresa de games, que terá seus
primeiros jogos anunciados agora na Brasil Game Show, em Outubro. Uma série de
animação da Morte, depois de longa pré-produção, começa a ser produzida no 2º
semestre junto com uma produtora parceira. E ainda tenho o piloto do “Cidadão
Incomum”, nossa outra animação, voltada 100% para o público adulto, baseada no
livro do mesmo nome, do escritor Pedro Ivo. Tem mais coisa, mas esses são os
que estão se materializando já.
Cara, eu queria lhe
agradecer por ter nos dado essa entrevista que foi sensacional de ser feita e
parabenizar pelo sucesso do livro, agradecer também ao Vivacqua que falou sobre
o livro no PLN. E antes de ir, você pode fazer o seu jabá, falar onde podemos
te encontrar e entrar em contato com você.
Eu
é que agradeço a oportunidade! E por terem gostado do meu livro bocó. No
twitter vocês podem me encontrar pelo: @MJMacedo. Tem minha page no FB:
MJMacedoworld. Ao que quiserem, sigam minha empresa de games: @thepixelsnack
(twitter), PixelSnack (Facebook) e a de entreterimento: @stuplendo (twitter) e
StuplendoEntertainment (Facebook).
Curiosidades do Livro:
"O Sétimo Selo" foi uma inspiração indireta. Contém um easter egg na capa, em relação a isso. Na capa do livro a Morte esta segurando uma plaquinha. Na placa está escrito: DSI 1956INGB.
DSI é a abreviatura no filme em Alemão "Det sjunde inseglet". 1956 o ano de produção dele. E INGB uma abreviatura do nome do diretor. Caso queira saber "perfil 2005" é porque em 2005 foi quando escrevi a versão original do livro.
Curiosidades do Livro:
"O Sétimo Selo" foi uma inspiração indireta. Contém um easter egg na capa, em relação a isso. Na capa do livro a Morte esta segurando uma plaquinha. Na placa está escrito: DSI 1956INGB.
DSI é a abreviatura no filme em Alemão "Det sjunde inseglet". 1956 o ano de produção dele. E INGB uma abreviatura do nome do diretor. Caso queira saber "perfil 2005" é porque em 2005 foi quando escrevi a versão original do livro.
Espero que estejam gostando dessa semana comemorativa.
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